terça-feira, 1 de janeiro de 2013

LIÇÕES QUE FICARAM


                                               
                                       LIÇÕES QUE FICARAM.




                               
A menina Daniele Maria Annater, de cinco anos,  encontrou 20 mil reais escondidos na manga de num casaco recebido por sua família como doação, após perder tudo na região do Alto Baú, em Ilhota, no Vale do Itajaí, durante as enchentes que castigaram, há algum tempo,  o Estado de Santa Catarina. Nem a mãe e as tias da menina haviam-se interessado pela peça, considerada uma roupa muito fina para o estilo de vida da família, e iriam repassá-la para outros desabrigados.
O avô de Danielle, Daniel Manuel da Silva, de 58 anos, foi atrás do doador, que é morador de Concórdia, município do Meio-Oeste catarinense, para devolver o dinheiro. "Se o dinheiro fosse entregue nas minhas mãos, teria aceitado, pois agora precisamos. Mas é uma questão de criação, fui educado assim e estou com a consciência limpa", afirmou Daniel ao jornal Diário Catarinense. O dono do casaco gratificou-o com a importância de mil reais.
Daniel Manoel da Silva, que plantava cana e fabricava cachaça artesanal, perdeu cinco familiares, quando a casa nova da família foi encoberta pela lama: Luís Paulo Hostim,  17 anos; João  Pedro Silva,   1 ano e 8 meses; Joana Maria Annater, 7  meses; Nelson Galdino da Silva, 62 anos, e Maria Tatiana Hostim, 7 meses.
Pitágoras, (570 - 500 a. C.) já dizia que se educarmos as crianças, não será preciso castigar os homens. Neste sentido, a melhoria da Humanidade está na razão direta da orientação que os pais deem aos seus filhos. Ao explicar a razão pela qual não ficou com o dinheiro, Daniel Manuel da Silva disse: "é uma questão de criação, fui educado assim e estou com a consciência limpa".
A resposta à questão 383 de O Livro dos Espíritos é clara: "Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível, durante esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem  contribuir os que estão encarregados da sua educação".
Confirma-se plenamente o pensamento do poeta português  Guerra Junqueiro:
As almas infantis
são brancas como a neve,
são pérolas de leite
em urnas virginais;
tudo quanto se grava
e ali se escreve
cristaliza em seguida
e não se apaga mais.
Neste sentido, pais e educadores exercem verdadeiramente a sua missão quando preparam o homem para que ele seja um ser completo, incentivando-o a  adquirir a cultura geral indispensável; conscientizando-o nas lições da moral, dos bons costumes e da ética, para que o mesmo seja um cidadão útil à sociedade em que vive,  instruindo-o nas lições de Jesus,  para que o seu Espírito se eleve cada vez mais em direção a Deus.
É desta maneira que se forma o homem de bem, que, independente da sua condição social, seja rico ou pobre, pautará sempre  suas ações pela lei de justiça, de amor e caridade, no seu maior sentido.
 E respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da Natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.
Consciente desses valores, o homem tem presente que os direitos são os mesmos para todos os homens, desde o menor até o maior; que a propriedade verdadeiramente legítima é a que foi adquirida sem prejuízo para os outros; que, como disse Paulo de Tarso, aquilo que o homem semeia isso mesmo colherá; que Deus, que tudo vê, não faz conchavos na avaliação das nossas ações, nem arranjos, nem jeitinhos, nem negociações, pois Ele está na imutabilidade da lei. Enfim, consciente desses valores, o homem tem consciência de que devemos nos preparar material e espiritualmente, tirando das experiências do presente os elementos para um futuro grandioso e feliz.
Essas são lições importantes para serem aplicadas no nosso viver diário, quando sabemos que a Terra marcha célere rumo à sua destinação próxima de mundo de regeneração, para onde irão o Espíritos que ajuntarem seus tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, nem  os ladrões minam ou roubam, enfim, os que construírem suas casas sobre a rocha, onde nem o vento nem as tempestades destruirão.
Altamirando Carneiro – O Consolador – nº 222